sexta-feira, 11 de junho de 2010

CURIOSIDADES HISTÓRICAS DO GAMÃO

Os povos antigos conheciam os dados, cuja invenção perde-se na memória dos tempos.

Entre os jogos da antiguidade nos quais os movimentos são comandados pelo arremesso dos dados, chegaram até nós, como os mais interessantes, diversos precursores do jogo do gamão.

O gamão e suas diversas variações é antiqüíssimo. Sir Leonard Woolley em 1922, descobriu nas escavações do cemitério real da cidade de Ur, pátria de Abraão, na Caldeia, cinco conjuntos de jogos ricamente decorados e que lembram os tabuleiros de gamão. Esses tabuleiros datam de 3000 anos ac.

Os faraós do Egito, também se divertiam com o jogo. Cleópatra e Marco Antônio achavam um tempo para uma partida.

No túmulo de Tutanhhaman descobriu-se entre os objetos do jovem faraó, um tabuleiro e pedras de gamão.

Nas paredes dos Túmulos antigos do Egito, aparecem quadros de pessoas jogando em tabuleiros.

Os indús antigos jogavam o Parcheessi que pode ser o ancestral mais direto do gamão. No Parcheessi, as pedras começam fora do tabuleiro, entram, percorren-no e saem do outro lado.

Na Grécia, o jogo era corrente no tempo de Platão. Os gregos antigos que atribuem a Palamedes a invenção do alfabeto e dos números, também davam a esses heróis a glória da descoberta dos dados e do gamão. Ainda hoje, os gregos chamam as senas de Afrodite e o ás de Cão.

Os helenos ensinaram o jogo aos romanos que jogavam o Lodus Decin Sriptorem, os o jogo das doze casas que também era denominado simplesmente de Alex (dados) ou Tábulas (tábuas).

Nas escavações de Pompéia, foram encontrados tabuleiros em muitas de suas vilas.

Da Roma antiga nos chegam intrigas sobre o jogo e os jogadores. Cláudio era conhecido como um exímio jogador. Calígula roubava no jogo. Nero perdia fortunas e Comandus transformou o palácio real em cassino.

Na Ingaterra o gamão tornou-se popular depois das Cruzadas, quando os ingleses o trouxeram da Palestina com o nome de “Tables” do original romano (Tábulas).

A palavra “backgammon”, pela qual o jogo é conhecido hoje em dia entre os anglo-saxões, foi impressa pela primeira vez em 1645.

Murray em sua história dos jogos de mesa, fala em gamão como uma forma nova de “Tables”, inventadas pelos ingleses.

A origem do nome é mal explicada. Falam alguns que “back” significa “regresso” e “camaun” batalha, etimologia esta provavelmente falseada.
Muito mais provável é o significado menos elaborado onde “back” significaria “volta” e gammon (game) “jogo”.

A origem da palavra pode ser ainda mais modesta como querem outros. Como os tabuleiros de xadrez tinham quase todos um desenho de gamão gravado nas costas, o gamão seria simplesmente “o jogo do outro lado”.

NA França antiga e moderna, sempre era jogado com o nome de “Tric-Trac”. Esse mesmo nome era usado pelos alemães.

Em 1743, Edmund Hoyle, codificou as regras e outros tipos de gamão e após essa data, poucos foram as alterações introduzidas.

Nos Estados Unidos, levado pelos ingleses, o gamão era jogado fazia tempo. Nas anotações de Thomas Jefferson, aparecem contas de partidas de gamão jogado pouco antes da proclamação da república.

É interessante que os espanhóis quando chegaram ao México, encontram os Astecas jogando Patolli, que é semelhante a alguns dos precursores do gamão. Patoli era o nome de feijões que eram jogados como sendo dados.

Especificamente, sobre os dados há referências curiosíssimas:
Entre os mais antigos objetos adivinhatórios estão os Astrábulos, ossos do traço de vários animais, precursores dos dados.

Na Assiria, os astrábulos, conhecidos também como Kisallu, não eram usados para os jogos e sim para distribuição de heranças.
Os assírios também usavam dados de barro chamados “Puru”. Eram usados para a eleição dos fiscais governamentais. Num dos lados, era gravado o nome do candidato e no outro uma oração para os deuses Adad e Assur, para que o dado rolasse de maneira favorável.

O nome dado vem do latim “dadus”, uma forma do verbo “dar”, isto é, dado pelos deuses. Na época que precedeu a idéia da casualidade, considerava-se que tudo que acontecia era parte da vontade de seres sobrenaturais, fossem eles deuses ou criaturas do reino do demônio.

A crença básica que atribui o resultado dos jogos de azar à deusa Fortuna, hoje conhecida como a Deusa da Sorte, protetora dos jogadores, é a de que a queda dos dados não é casual, mas obedece ao controle direto da sorte personificada.

No note da Europa, pagão, a invenção dos dados foi atribuída a Odin, o deus da Sabedoria, da Profecia e dos Mortos. Por isso, é tido como o descobridor dos jogos de tabuleiro.

Na pós-cristianização, os dados de origem pagã, foram criticados pelo Clero. A expressão “ossos do diabo” teve origem nessa época.

Attacus Asiaticus foi o primeiro homem na Europa a jogar o Kotra (gamão) e os dados, escreveu Jon Dadson, numa obra intitulada Gandrei ( o vôo da bruxa).

No Tibete, os dados eram empregados numa forma de adivinhação conhecida como “Sho-mo”.

Os dados nem sempre foram sextavados como os de hoje. Existiam dados com 8 lados, com 12 e até com 20 lados.

Os dados são tão integrados à nossa cultura que possuem até seus próprios idiomas e literatura. A expressão comum inglesa (jogando com a morte) pode ser oriunda dos tempos em que os dados foram usados para decidir qual o prisioneiro deveria ser executado.

A irrevogável natureza dos dados é lembrada no dito popular “a sorte está lançada”, em geral, a expressão é usada de modo pessimista.

O tema dos dados tem se mostrado um terreno fértil para a filosofia:
O místico islandês do século XVIII, Jon Johnsson disse: “Deus joga Forkjaering com o homem nesse mundo. Forkjaering é um jogo de dados.

Já nos século XX o matemático Albert Einstein afirmava exatamente o contrário, isto é, “Deus não joga dados com o Universo.

Essas impressões de Deus jogando dados com as pessoas, estavam próximas da verdade, pois estamos todos sujeitos aos inevitáveis acontecimentos da vida que poderiam ser interpretados como o “rolar dos dados”.

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