segunda-feira, 16 de novembro de 2009

AVALIAÇÕES COMPORTAMENTAIS

Durante o decorrer de todo este trabalho, procuramos dar à ação do dado de dobre como sendo um procedimento técnico baseado principalmente na quantificação das vantagens posicionais de uma determinação situação de jogo e até nos servimos do computador para comprovar o acerto desse procedimento de avaliação das chances de vitória.

Apesar disso, não podemos nos furtar em abordar o lado quase pitoresco dos fatores emocionais quanto aleatórios que envolve essa invenção diabólica, introduzida ao jogo do gamão entre 1926 e 1927 em Nova York, provavelmente num dos clubes de xadrez, cartas e gamão do Baixo Leste daquela cidade, possivelmente o Stuyveso Chess Club, localizado na esquina da 2ª Avenue com a 14ª Street, freqüentado por imigrantes judeus italianos.

No Brasil, o dado de dobre, teria sido introduzido entre 1960 a 1970 no Rio de Janeiro. Na Bahia em torno de 1990 por Antônio Sampaio, gaúcho radicado em Salvador, ao tempo em que havia uma prática desse jogo no Habeas Copus, famoso e tradicional bar da Barra na Rua Marquês de Caravelas.

Esse lado emocional já pertence à própria ação de dobrar, à medida que ele pode modificar o valor original da aposta de uma partida. Faz-se um aumento de pressão e, em sendo assim, é um fator emocional relevante, desde que, ambos os jogadores são emocionalmente afetados por esta ação. O jogo fica mais tenso, desde que aumentam as responsabilidades de parte a parte na sua condução. Nos chouettes é mais dinheiro em jogo e nos campeonatos é a iminência de decidir a partida de forma mais rápida, por vezes repentina.

Em sendo um fator emocional, isto significa ações comportamentais diferenciadas de acordo com a personalidade e o estágio técnico de cada jogador. Por exemplo, a ação do dado pode variar conforme sejam os jogadores mais ou menos experientes, calmos ou nervosos, agressivos ou não e mais um sem número de formas de ser das pessoas.

Em se tratando do fator experiência, se estamos jogando com um jogador pouco experiente, podemos arriscar a colocação do dado antes mesmo que tenhamos alcançado o limite de dobrar (doubling window, como chamam os americanos), em torno de 75% das chances de vitória e contar que este jogador passará o dado, entregando o jogo. Inversamente, poderemos nos encontrar com uma superioridade esmagadora e colocar o dado num tipo caso de “lose-market” (uma dobrada perdida porque sempre rejeitada) e o jogador pouco experiente aceitar o dado, entregando dois pontos indevidamente no caso de uma dobrada inicial.

De relação à colocação do dado por parte desse jogador pouco experiente, certamente ele só o fará quando sentir que sua superioridade de jogo é muito forte. Certamente, suas colocações do dado são retardadas, autênticos “lose-markets”.

Já atuando com um jogador experiente, a ação do dado deva ser feita rigorosamente dentro dos padrões técnicos recomendados, tanto no que se refere à nossa colocação, quanto à dele.

O nervosismo também sugere uma ação comportamental diversa da normalidade. O jogador nervoso, geralmente aceita qualquer dado. Ele não tem paciência para suportar uma partida longa e o dado de dobre não deixa de ser uma forma de encurtar o encontro. Por essa razão, se ainda não estivermos no limite exato de dobrar, o melhor é não usar o dado e aproveitar a sua ansiedade nos casos de “lose-market”.

A mesma ansiedade faz com que este tipo de jogador se precipite na colocação do dado, o que, geralmente, nos beneficia pela posse do dado.

Do outro lado da linha, temos o jogador calmo, sereno, cauteloso, conservador. Só coloca o dado com absoluta segurança e neste caso, precisamos ter o máximo de cautela na aceitação ou não do dobre. De nossa parte, podemos arriscar a colocação do dado antes do limite recomendado e ganharmos algumas partidas com sua desistência.

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