sábado, 24 de outubro de 2009

GAMÃO - DADO DE DOBRE - LIMITE DE DOBRAR



Nas duas postagens anteriores, propriamente ditas, procedemos a avaliação posicional e a vantagem posicional. Neste, vamos tratar do limite de dobrar e, consequentemente, de aceitar ou não o dado de dobre.


Com base nas probabilidades estatísticas, esse limite se situa em 75%, isto é, se um jogador tem 75% de vantagem posicional, poderá dobrar. O adversário que tem 25% de chances de vitória deverá aceitar.


No caso que estamos tratando, o jogador das pedras vermelhas tem 79% de vantagem posicional e o jogador das pedras brancas só tem 21%. É a vez das vermelhas jogarem. Antes de fazê-lo, colocam o dado de dobre em 2 e as brancas não tem como aceitar.
Ficaram claros os limites de dobrar e de pegar? Claro! 75% e 25%.
Isso não quer dizer que o jogador que está com 79% de vantagem já tenha ganhado a partida, nem o que está com 21%, já a tenha perdido. As probabilidades estatísticas só fazem indicar os limites. “Provavelmente” assim acontecerá. Mas num jogo como o gamão, onde funciona e muito a aleatoriedade do resultado dos dados, tudo poderá acontecer.
Os bons jogadores dão muita atenção a essas probabilidades. Deveremos segui-los. Essa é a orientação mais sensata.
Em alguns setores de prática do gamão, o limite de dobrar se reduziu para algo em torno de 70% a 72%, quando se tratar de partidas de corrida mais curta, ou seja, aquelas com menos de 80 pontos entre as contagens das pedras de ambos os jogadores, permanecendo os 75% para as partidas mais longas e nos caso das redobradas.
Esta modificação foi devida ao avanço dos estudos sobre o jogo, incluindo aí as observações de partidas entre os grandes mestres e num caso inusitado, a prática dos “chouettes” onde, geralmente, os jogadores costumam arriscar dobradas antes dos limites até então recomendados. Como a “aventura” às vezes dava certo, provocou uma maior reflexão sobre o assunto.
Efetivamente, percebe-se que, com base numa segurança excessiva e absoluta, não se vinha aproveitando como deveria a grande finalidade da dobrada, ou seja, o aumento do valor da aposta. Quando o dado era colocado, o adversário geralmente passava. Os americanos denominam esta situação de “lose market”, algo como sendo uma “coisa perdida” ou “mal negociada”.


E o outro lado? Isto é, o lado de quem vai pegar o dado? Inversamente, teria aumentado o limite de pegar para 30% ou 28%? Aí não! Os 25% continuam recomendados, uma vez que, eles são baseados em um princípio clássico conhecido como 3 em 1, isto é, 3 partidas seriam ganhas por um jogador contra 1 partida que seria ganha pelo segundo jogador.
Matematicamente, é o resultado dos seguintes cálculos:

25
25 = 75/25 = 3 25/25 = 1
25


Na prática é o seguinte. Se o jogo fosse a dinheiro como nos “chouettes”, valendo o ponto R$1.00, teríamos o seguinte resultado:
1) 75% das partidas perdidas com o dado em 2, representariam uma perda de R$150.00.
2) 25% das partidas ganhas com o dado em 2, representariam um ganho de R$50.00.
3) A diferença entre a perda e o ganho seria de R$100.00
4) Esses R$100.00 representam exatamente 100 partidas perdidas a R$1.00 o ponto.


Está ai a aplicação do princípio chamado 3 em 1, isto é, três partidas seriam ganhas por um jogador contra uma partida que seria ganha pelo segundo jogador.


Estas conclusões poderão nos induzir a pensar que todas as partidas de longa duração com o favorito possuindo 70% ou 72%, o dado de dobre deverá ser sempre aceito, desde que o limite de dobrar está situado em 25% e estamos a 30% ou 28%? Praticamente sim! Se, com apenas 25% de chances de reverter o quadro já é mais do que suficiente para pegar, quanto mais com 30% ou 28%.
Um bom exemplo que mostra que o limite de pegar já não é mais o mesmo, é o que vamos encontrar no diagrama acima republicado.

É a vez das Brancas rolarem. Antes, contudo, colocam o dado de dobre. Na posição acima, aparentemente os dois jogadores estariam empatados, desde que ambos têm 11 pontos em suas respectivas posições que são idênticas. Acontece, porém, que, as Brancas têm o rolamento e haverão de comer duas pedras, pelo menos. Colocam o dado de dobre e as Vermelhas aceitam-no corajosamente. Admitamos que tenham rolado 3x2 e tirado duas pedras da casa 23 (sua casa 2). Dessa maneira, ficou com apenas 7 pontos. Essa é a situação que as Vermelhas efetivamente terão que enfrentar.
Vamos analisar a situação: Vermelhas com 11 pontos e Brancas com 7 pontos. Uma diferença de 4 pontos. 4/7=57.14%. A diferença sobre a menor contagem, esta é a frente. As Vermelhas têm apenas 42.86%.
Por que as Vermelhas pegaram o dado tendo contra si estes números negativos? Primeiramente, analisaram que é uma corrida curtíssima, ou seja, 22 pontos entre os dois jogadores. Segundo, a posição requer ainda três rolamentos de cada lado. Existe uma possibilidade de uma dobrada por parte das Vermelhas. Por que não? Essa chance é de 16.66%. (6/36=16.66%).


Antigamente, era muito difícil alguém pegar este dado. Agora, os caras estão pegando. É a quebra oficial dos limites tradicionais de dobrar e pegar.

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